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Ambientalistas e organizações ligadas ao turismo sustentável divulgam manifesto em defesa de UCs

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Documento denuncia redução de áreas protegidas e descaso do governo com patrimônio ambiental que poderia gerar empregos e bilhões de reais para o país
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Um conjunto de organizações da sociedade civil e outras ligadas ao turismo sustentável, incluindo o ISA, divulgou um manifesto em defesa das Unidades de Conservação (UCs) brasileiras e de seu uso público. O documento foi lido na 8ª edição da Conferência de Ecoturismo e Turismo Sustentável, em Bonito (MT), na semana passada.

O texto denuncia a retirada de 5,2 milhões de hectares de matas de 93 áreas protegidas, nos últimos 30 anos, e o fato de que, dos 70 parques nacionais existentes no país hoje, apenas 26 estão abertos à visitação e 18 possuem infraestrutura satisfatória. Também traz dados de outros países que revelam o subaproveitamento de nossas áreas protegidas em termos turísticos e econômicos.

A carta está aberta a assinaturas e contribuições de organizações interessadas. As instituições que desejarem assinar o documento ou tiverem sugestões devem entrar em contato no e-mail sosparques@sosma.org.br.

Confira a seguir o manifesto na íntegra:

Manifesto pela valorização das Unidades de Conservação do Brasil e pelo turismo sustentável

As organizações da sociedade civil alertam para a desvalorização dos parques brasileiros, que podem ser muito melhor explorados do ponto de vista turístico, promovendo a conservação aliada à geração de emprego e renda.

Estudo recente na publicação científica Conservation Biology indica que, nas últimas três décadas, 93 parques nacionais e outras Unidades de Conservação no Brasil tiveram suas fronteiras reduzidas ou seus status alterados. Retirou-se ou se reduziu a proteção de um total de 5,2 milhões de hectares de florestas nativas, que antes eram preservados em parques, reservas e estações ecológicas. Isso equivale ao território do Rio Grande do Norte e é superior ao da Costa Rica.

Unidades de Conservação na Amazônia foram as que mais sofreram, principalmente entre 2008 e 2012. Os principais motivos foram o avanço desregrado da geração e transmissão de energia hidrelétrica, do agronegócio e da urbanização.

Além das perdas já concretizadas, o Brasil convive com novas e constantes ameaças – um caso emblemático é o do Parque Nacional do Iguaçu, onde fica uma das sete maravilhas naturais do mundo: as Cataratas. Existe um projeto para construir uma estrada que cortará o parque, causando prejuízos aos animais e impactando a paisagem.
O Brasil ficou em 1º lugar no ranking do Fórum Econômico Mundial no quesito Belezas Cênicas, entretanto, vem perdendo posições no ranking mundial de competitividade de turismo.

Atualmente, dos quase 70 parques nacionais existentes no país, apenas 26 estão abertos à visitação e só 18 possuem infraestrutura satisfatória. Em 2012, esses parques tiveram 5,3 milhões de visitantes e arrecadaram menos de R$ 27 milhões com a venda de ingressos, sendo que pouco mais de 3 milhões de visitantes ocorrem somente nos Parques Nacionais da Tijuca e Iguaçu.

Os parques nacionais dos Estados Unidos, em 2008, receberam 275 milhões de visitas e geraram US$ 11,5 bilhões nas suas áreas de influência. Os cinco maiores parques da África do Sul recebem ao ano 4,3 milhões de turistas. Lá, 75% do sistema de parques nacionais é mantido pelos recursos advindos da visitação (incluindo concessões). Na Austrália, em 2007, turistas que visitaram parques nacionais foram responsáveis pela injeção de R$ 30 bilhões na economia do país. E, na Nova Zelândia, o turismo representa cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) e 15% dos empregos da costa oeste. O turismo promovido no Parque Nacional de Fiordland, ao sul daquele país, promove a geração de mais de 50% dos empregos do território, assim como o Parque Nacional de Banff, no Canadá.

O estudo Contribuição das Unidades de Conservação Brasileiras para a Economia Nacional aponta que a visitação nos parques existentes no país tem potencial para gerar até R$ 1,8 bilhão por ano, considerando as estimativas de fluxo de turistas projetadas – cerca de 13,7 milhões de pessoas, entre brasileiros e estrangeiros – até 2016, ano das Olimpíadas. O material foi desenvolvido pelo Centro de Monitoramento da Conservação Mundial do Programa das Nações Unidas pelo Meio Ambiente e pelo Ministério do Meio Ambiente, em 2011.

O Brasil precisa aproveitar essa oportunidade e reconhecer as Unidades de Conservação como o maior ativo deste país, conciliando desenvolvimento com a conservação dos recursos naturais. Ao valorizar e investir em seus patrimônios naturais, também se fortalecerá como destino turístico. Infelizmente, hoje nem os brasileiros nem os turistas estrangeiros podem usufruir adequadamente dessas riquezas. E, se o governo não agir para alterar a realidade atual, sobrarão poucas áreas protegidas para serem apreciadas no futuro.

Signatários:

Associação Ambientalista Defensores da Terra
Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (ABETA)
Associação Serra Geral de Montanhismo
Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada (CBME)
Fundação Neotrópica do Brasil
Conservação Internacional (CI-Brasil)
Fundação SOS Mata Atlântica
Grupo Ação Ecológica (GAE)
Grupo Bandeirantes da Serra
Instituto EcoFaxina
Instituto Ilhabela Sustentável
Instituto Semeia
Instituto Socioambiental (ISA)
Instituto Vale das Graças (IVG)
Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação
RPPN Morro do Elefante
WWF-Brasil

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