Você está na versão anterior do website do ISA

Atenção

Essa é a versão antiga do site do ISA que ficou no ar até março de 2022. As informações institucionais aqui contidas podem estar desatualizadas. Acesse https://www.socioambiental.org para a versão atual.

Inventário Cultural dos Quilombos do Vale do Ribeira é lançado em seminário

Esta notícia está associada ao Programa: 
Publicação que registra bens culturais de comunidades quilombolas do Vale do Ribeira foi lançada na última sexta-feira (23/8), ao final do seminário de roças tradicionais
Versão para impressão

O lançamento do livro Inventário Cultural de Quilombos do Vale do Ribeira ocorreu ao final do seminário sobre as mulheres quilombolas e as roças tradicionais quilombolas. A publicação é resultado de um processo participativo que incluiu 20 agentes locais e realizou 590 entrevistas com 213 quilombolas, que identificaram os bens culturais de 16 comunidades quilombolas da região. Anna Maria de Andrade, antropóloga e responsável técnica pela pesquisa, disse que a metodologia utilizada para a catalogação dos bens, materiais e imateriais, é do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que acompanhou o processo. (saiba mais).

O inventário cultural surgiu a partir da preocupação dos quilombolas do Vale do Ribeira contra a ameaça de construção de barragens no Rio Ribeira de Iguape. O levantamento também evidenciou a riqueza e a diversidade dos bens culturais e a especificidade da cultura quilombola ainda desconhecida pela sociedade brasileira e pouco reconhecida pelos órgãos públicos. O livro é um dos produtos resultantes deste processo. Também foram produzidos um vídeo e sete folders sobre diferentes grupos culturais quilombolas.

As informações levantadas acabaram por mostrar as relações entre os bens culturais e as atividades cotidianas, como, por exemplo, as roças. “O sistema agrícola envolve o conhecimento sobre a melhor terra para se plantar, a melhor madeira para se confeccionar os utensílios, as ferramenta, as celebrações para a colheita e a religiosidade, que foram identificadas durante a pesquisa”, explicou Nilto Tatto, coordenador do Programa Vale do Ribeira do ISA, durante o lançamento.

Veja o vídeo do inventário, dividido em duas partes.
Parte 1

Parte 2

O sistema agrícola foi escolhido pelas comunidades como bem a ser encaminhado ao Iphan para registro como patrimônio nacional, por agregar um conjunto significativo de bens culturais dos quilombos. “Essa é a próxima etapa deste trabalho. O processo para o registro já foi aberto e agora precisamos acompanhá-lo”, revelou Anna Maria Andrade. “Como instrumento político, pode contribuir para o reconhecimento da importância das roças de coivara e, consequentemente, da sua liberação nos territórios quilombolas”.

Iniciado em 2009, o trabalho identificou 180 bens culturais: 29 Celebrações, 24 Formas de Expressão, 23 Ofícios e Modos de Fazer, 75 Lugares e 29 Edificações. Os quilombolas foram co-autores da publicação, e trechos de suas falas foram incorporadas ao texto, tornando acessível ao público em geral sua história.

Ivo Santos Rosa, do Quilombo Sapatu, foi um dos agentes culturais que realizou entrevistas para o livro, e destacou que o que mais chamou sua atenção foi a importância do Rio Ribeira. “Queremos o tombamento do rio pelo Iphan”, afirmou. Para Neire Alves da Silva, de Ivaporunduva, o livro revela a riqueza do Rio Ribeira. “É onde está toda nossa historia. O que está mais exposto. A igreja, o cemitério. Ali está o sangue do nosso povo, da nossa terra. O livro é uma ferramenta a mais em favor da nossa luta”. Osvaldo dos Santos, do quilombo de Porto Velho,acredita que ainda há muita luta pela frente. “Mas o livro foi uma oportunidade de mostrar que o verdadeiro quilombola não é aquilo que está escrito no livro sobre o quilombo dos Palmares”.

Faça aqui o download da publicação.

Ivy Wiens
ISA
Imagens: 

Comentários

O Instituto Socioambiental (ISA) estimula o debate e a troca de ideias. Os comentários aqui publicados são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião desta instituição. Mensagens consideradas ofensivas serão retiradas.