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Professores de cinco etnias do Xingu visitam Escola Tuyuka, no Alto Rio Negro (AM)

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De 22 de maio a 1º de junho, onze professores indígenas das etnias Arawetê, Xikrin, Kuruaya, Parakanã e Assurini do Médio Rio Xingu, no Pará, visitaram a Escola Indígena Tuyuka - Utapinopona, localizada no Alto Rio Tiquié, noroeste amazônico, próximo da fronteira com a Colômbia
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O intercâmbio foi organizado pelo ISA em conjunto com a Verthic – Consultoria, que trabalha com povos indígenas afetados direta ou indiretamente por grandes obras de infraestrutura. Nesse caso específico, essas etnias estão na área de influência da usina hidrelétrica de Belo Monte, em construção no Rio Xingu, no Pará.

O objetivo do intercâmbio foi mostrar aos índios do Xingu o programa de educação escolar dos povos Tuyuka, no Rio Negro, que baseiam sua metodologia de ensino na pesquisa e tem como princípio o fortalecimento da cultura tuyuka. Com base nisso, os professores indígenas do Xingu podem se inspirar na construção dos seus próprios Projetos Políticos Pedagógicos. (saiba mais)

Na Casa de Conhecimentos Tuyuka na comunidade São Pedro, os Tuyuka e os xinguanos trocaram experiências escolares. Os índios do Xingu e os da Escola Tuyuka compartilharam vivências e os desafios de realizar escolas interculturais e de qualidade. Na região do Médio Xingu há cerca de 40 professores indígenas contratados que atuam nas 39 escolas da região, onde funciona a primeira parte do ensino fundamental. “Escola com professor indígena dando aula é coisa nova no Médio Xingu, e por isso queremos saber como outros povos indígenas fizeram, para pensar como nós iremos fazer”, explicou o professor Maxa Parakanã.

No Rio Negro a educação escolar chegou no século XX, com a missão salesiana, responsável pela ampla difusão da escolarização no Alto e Médio Rio Negro. Na década de 1990 iniciou-se um processo de reformulação do modelo escolar (saiba mais).


Entraves da política educacional

Na discussão sobre os entraves da política educacional nos governos municipais e estaduais, os professores indígenas reforçaram posições. Entre elas a de que a educação escolar indígena não deve ser imposta pelo Estado, que só há sentido ter escola nas aldeias se o projeto de educação escolar estiver atrelado ao interesse das populações indígenas, e que sejam úteis para lidar com questões atuais. E enfatizaram que para ser escola indígena é necessário que a gestão administrativa e pedagógica seja exercida pelos indígenas.

Depois, os professores participaram das atividades de ensino da Escola Tuyuka. Um grupo acompanhou os estudantes do ensino médio Tuyuka durante levantamento florestal. Foi uma aula prática sobre pesquisa relacionada ao manejo e gestão territorial, que combina os conhecimentos tradicionais com os científicos(saiba mais). O outro grupo participou da aula de desenho técnico, dada por um ex-aluno da escola que já está formado, e que colocou em prática conceitos como escala e coordenadas.

Depois, todos os professores do do Xingu acompanharam uma aula com os alunos do 1º ciclo do ensino fundamental - nesse período eles são alfabetizados na língua indígena – observando o currículo temático de interesse das crianças, que as definições do Projeto Político Pedagógico elaborado pelos Tuyuka.

O intercâmbio se encerrou com uma grande festa na Casa de Conhecimentos Tuyuka, com a participação dos moradores de comunidades vizinhas a São Pedro(Cachoeira Comprida e Fronteira), com danças e cantos junto aos xamãs benzedores (kumua) e com os baya (mestres cerimoniais).

Laise Lopes Diniz
ISA
Edição: 
Inês Zanchetta
Imagens: 

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