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Concurso de merendeiras no Pará premia receitas com farinha de babaçu

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Isabel Harari

Evento prestigia receitas com o babaçu, produto do extrativismo de beiradeiros e indígenas da Terra do Meio (PA)

Na praça de alimentação do shopping Serra Dourada, em Altamira (PA), centenas pessoas esperavam impacientes na fila para provar tortas, bolos, vatapá, macarrão, e mais uma porção de receitas. Todas com um diferencial: o ingrediente principal era a farinha do coco babaçu.

Fruto do extrativismo dos beiradeiros e indígenas e beneficiado nas mini usinas na Terra do Meio, o babaçu foi a estrela do concurso de merendeiras de Vitória do Xingu, que encerrou a Semana do Extrativismo (Semex), realizada no início de junho. [Saiba mais]

Nove merendeiras, de um total de 38 inscritas, criaram receitas utilizando o produto, parte de uma iniciativa para impulsionar a comercialização e aceitabilidade do babaçu nos mercados institucionais. [Confira as receitas]


Vitória do Xingu compra a farinha do coco babaçu com a marca “Vem do Xingu” desde 2017, e hoje 23 escolas consomem o produto. No último ano foram comercializadas 1,6 toneladas toneladas de farinha de babaçu, além de 400 quilos de uma mistura com cacau – inovação que fez sucesso no prato das crianças.

"A nossa tradição de comer o que era da floresta está passando para a merenda escolar, para as pessoas da cidade. Estão reconhecendo esse produto feito pelas nossas próprias mãos, que é possível trazer comida para todos de dentro da floresta sem desmatar. Seguimos com essa batalha: da floresta para a merenda escolar", comemora Raimunda Rodrigues, gestora da mini usina do Rio Novo, Reserva Extrativista Rio Iriri, uma das unidades que produz a farinha de babaçu. A mini usina é uma pequena fábrica de processamento de diversos produtos florestais não madeireiros, o babaçu entre eles.

A farinha de babaçu e mais dez produtos da floresta, como a castanha e a borracha, são produzidos por beiradeiros e indígenas, e foram comercializados pela Rede de Cantinas da Terra do Meio em 2019. Essa articulação conta com 27 cantinas, em que cada uma gerencia um capital de giro próprio que viabiliza a produção e comercialização de forma transparente e autônoma. A rede conta, ainda, com oito mini usinas.

“Os povos da floresta têm muito a nos ensinar. Parabéns para as merendeiras e para a prefeitura de Vitória do Xingu que estão no caminho de valorização de produtos da floresta”, disse Marcelo Salazar, do Instituto Socioambiental (ISA), pouco antes de anunciarem as ganhadoras do concurso: Edineide da Silva, Joelma da Silva Santos e Girlene Sousa.

Edineide e a maioria das merendeiras utilizavam o babaçu para fazer mingau – que apesar de ter uma boa aceitabilidade com os alunos restringia o uso do produto. “Foi uma honra fazer outra experiência com o babaçu. A gente tem que mostrar que temos a capacidade de fazer algo a mais com o babaçu", disse.

Para a nutricionista Danielle Damasceno, a iniciativa é mais do que um exemplo a ser seguido por outras prefeituras para atender a lei que determina a compra de ao menos 30% da merenda de produtos da agricultura familiar.

“Quando aluno está comendo bolo a gente tem que fazê-lo entender o valor daquele bolo. Quando fazemos a educação alimentar nutricional nas escolas, a gente gosta de mostrar a origem dos produtos e, com certeza, de todos os produtos que tem no cardápio da alimentação escolar hoje, a farinha de babaçu é a que tem a história mais bonita”, comentou.

Nutrição e floresta em pé
A farinha do coco babaçu é um substituto ao amido de milho nas receitas, com a vantagem de ser um produto da floresta, não-transgênico e sem agrotóxicos. "A farinha de babaçu é rica em ferro, rica em fibras solúveis, tem taninos, além de fibras e minerais que outros amidos puros não têm", reforça a nutricionista Neide Rigo, colunista do jornal O Estado de S.Paulo.
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