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Confira o que é verdade sobre a vacinação contra a Covid-19

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#VacinaParente, #VacinaQuilombola, #VacinaRibeirinho! A vacinação contra o novo coronavírus já começou no Brasil. Entenda a importância da imunização coletiva e ajude a combater a desinformação
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Aguardada desde o início da pandemia, a vacina da Covid-19 é uma esperança para colocar um fim na pandemia que já tirou a vida de mais de 212 mil brasileiros. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária já aprovou duas vacinas para uso (a CoronaVac, do laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan e a vacina de Oxford em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz e o laboratório Astrazeneca).

A vacinação começou no último domingo 17/1, em São Paulo, e ao longo da semana chegou nos outros estados brasileiros. Profissionais da saúde e indígenas aldeados são grupos prioritários dessa primeira etapa de vacinação. A situação das comunidades tradicionais, como quilombolas e ribeirinhos, varia de estado para estado. Em São Paulo, por exemplo, os quilombolas estão na primeira fase, mas no Plano Nacional de Vacinação, foram colocados apenas na quarta etapa.

Infelizmente, junto com a pandemia da Covid-19, vivemos também uma epidemia de informação falsa. Muita mentira sobre as vacinas tem circulado no Whatsapp e outros aplicativos de mensagem, confundindo a população. Para ajudar a esclarecer as dúvidas mais frequentes, elaboramos esse documento com perguntas e respostas sobre a vacina da Covid-19. Se tiver mais dúvidas, pode enviar nos comentários.



As vacinas contra a Covid-19 são seguras?

Sim. As primeiras fases de formulação dessas vacinas foram feitas para atestar sua segurança e foram bem-sucedidas.

Os resultados dos estudos que certificam a segurança da CoronaVac foram publicados na revista Lancet, uma das mais conceituadas do universo científico. Nos estudos de fase 3 a vacina também se mostrou segura. Ela usa a tecnologia de vírus inativado. Esse tipo de vacina usa o vírus inteiro para induzir a resposta do sistema de defesa do corpo (mas ele não causa doença, porque, como o nome diz, está inativado, ou seja, "morto"). Nós já usamos várias vacinas de vírus inativado contra outras doenças – como a da gripe, da hepatite A e da raiva.

Já a vacina AstraZeneca, desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), usa uma tecnologia mais recente. Nela, outro vírus é usado como transporte para levar as informações da Covid-19 ao organismo e, assim, estimular nosso sistema imunológico a combater o novo coronavírus.

Quais são as vacinas disponíveis no Brasil?

A Campanha Nacional de Vacinação contra a Covid-19 começou com a CoronaVac. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já autorizou o uso de duas vacinas no país: a CoronaVac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac e o Instituto Butantan; e a vacina fruto da parceria entre o laboratório AstraZeneca e a Universidade de Oxford. A campanha nacional de vacinação foi iniciada com o primeiro imunizante, enquanto o governo federal ainda negocia a importação de doses prontas do segundo, além de insumos para sua produção no país pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Está em curso ainda o processo de autorização da vacina russa Sputnik V.

Por que é importante que todos e todas tomem a vacina?

Neste momento, a vacinação tem dois objetivos básicos: 1) havendo contaminação, proteger a pessoa contaminada de sintomas mais graves, evitando hospitalizações e mortes; 2) impedir a contaminação de mais pessoas pelo novo coronavírus.

Mesmo após a vacinação uma porcentagem das pessoas vacinadas pode contrair e, consequentemente, transmitir a doença. Por isso, é importante que a maioria da população esteja vacinada, pois isso diminuirá a circulação do vírus e deixará a população como um todo mais protegida.

Quando indígenas, quilombolas e ribeirinhos serão vacinados?

No Plano Nacional de Vacinação, os indígenas que vivem em aldeias são considerados grupo prioritário. Mas há variação entre os estados. No Amazonas, indígenas aldeados já constam na primeira fase de vacinação. Comunidades tradicionais estão na fase 4. No Pará, as comunidades tradicionais se encontram na fase 2 do plano de vacinação. No Mato Grosso, indígenas aldeados também estão como prioritários. Em Roraima, além da população indígena aldeada, povos e comunidades tradicionais ribeirinhas também estão na primeira fase da vacinação.

No caso dos indígenas aldeados, a vacinação será feita pelos profissionais de saúde dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dseis).

Em relação às comunidades quilombolas, a situação varia de estado para estado. O Plano Nacional de Vacinação estabelece que estas comunidades estão na quarta fase de vacinação, mas ainda sem data estipulada para início da imunização. Há estados que, em seus planos próprios, definiram que quilombolas seriam vacinados em fases distintas daquela estabelecida pelo Ministério da Saúde - é o caso, por exemplo, de São Paulo, onde o governo estadual garantiu iniciar a vacinação dos quilombolas em 22 de janeiro.

Quem deve tomar a vacina contra a Covid-19?

De acordo com infectologistas, a maioria da população pode ser vacinada, mas ainda são necessários estudos complementares entre gestantes, adolescentes e crianças. Como nenhuma vacina foi testada entre esses grupos, não há dados consolidados sobre segurança e eficácia. Pessoas que já apresentaram alergias severas a elementos de vacinas devem consultar um médico antes de se imunizar.

É importante que aqueles que estiverem nos primeiros grupos de vacinação não deixem de se vacinar nos períodos determinados. A vacinação só conseguirá controlar verdadeiramente a pandemia quando uma parte considerável da população brasileira estiver devidamente vacinada, com as duas doses.

Existe algum remédio e tratamento precoce para prevenir a Covid-19?

Não existe tratamento precoce para prevenir a Covid-19. Nenhum medicamento teve sua eficácia comprovada pela ciência. A melhor estratégia que temos hoje para combater a doença é a vacinação e manter os cuidados indicados pelos cientistas, como o distanciamento social, o uso de máscaras, a limpeza constante das mãos com álcool em gel ou água e sabão.

Qual é a eficácia da vacina?

A vacina Coronavac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo e que será utilizada na primeira etapa de vacinação, tem eficácia total de 50,38%, acima dos 50% exigidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária brasileira (ANVISA). A eficácia para casos que precisam de atendimento médico é ainda maior, e chega a 78%. Isso significa que as pessoas vacinadas têm um risco 50,38% menor do que os não vacinados de se contaminar com o coronavírus e ter a Covid-19, e 78% menos chance de manifestar sintomas que exijam cuidados hospitalares. Além disso, dentre o grupo que recebeu a vacina, nenhum participante morreu. Já a vacina de Oxford que também teve os resultados publicados na revista Lancet apresentou eficácia geral de 70,4%. Ou seja, a cada 100 pessoas que se expõe ao coronavírus, menos de 30 apresentam sintomas da doença.No estudo que demonstrou a eficácia da vacina de Oxford, foram incluídos 11.636 participantes, sendo 7.548 no Reino Unido e 4.088 no Brasil.

Quantas doses serão necessárias?

Para ter o esquema vacinal completo, serão necessárias duas doses da vacina por pessoa. O intervalo entre as doses da vacina Coronavac pode variar entre 14 e 28 dias. Outras vacinas podem ter a segunda dose aplicada em até três meses, como a da AstraZeneca.

Posso suspender os cuidados convencionais (distanciamento, uso de máscara, limpeza constante das mãos) após me vacinar?

É fundamental manter os mesmos protocolos de prevenção, com distanciamento social, uso de máscaras, limpeza constante das mãos, durante a espera pela segunda dose e também após a vacinação completa. Apesar de ser um avanço no combate à Covid-19, a vacina não impede de forma imediata e completamente que o vírus circule. A vacinação começará a ter efeito sobre e apresentar redução no número de casos e mortes somente após alguns meses e após um número expressivo de pessoas receberem o esquema vacinal completo.


A vacina tem efeitos colaterais?

Toda vacina ou medicamento alopático, sem exceção, produzido pela indústria farmacêutica, apresenta reações adversas ou efeitos colaterais. Todavia, esses efeitos em sua imensa maioria são leves e rigorosamente monitorados por profissionais de saúde capacitados. Até o momento nenhuma das vacinas que serão utilizadas no Brasil provocou reações adversas fora do esperado ou efeitos colaterais graves. Segundo estudos, 35% dos participantes que foram voluntários nos estudos de eficácia e segurança da CoronaVac relataram ter sentido apenas dor no local da vacinação, dor de cabeça, fadiga e dores musculares.

Quanto tempo após tomar a vacina estarei imunizado contra a Covid-19?

Ainda não há estudos longitudinais (realizados ao longo do tempo) para avaliar com precisão a duração da proteção das vacinas contra o coronavírus. O que se sabe é que a proteção não é imediata. Infectologistas apontam que o período de quatro semanas após a segunda dose é suficiente para que as pessoas vacinadas desenvolvam resposta imunológica. Vale lembrar que o protocolo de prevenção se mantém obrigatório mesmo após a vacinação.

Vou precisar tomar essa vacina todo ano?

Como o vírus é novo, ainda não se sabe o período de proteção que cada vacina proporciona. Existe a possibilidade de que sejam necessárias doses de reforço a cada seis, 12 ou 24 meses, como acontece com as vacinas contra a gripe, ou que a imunização seja duradoura, protegendo por mais tempo, como a do sarampo.

Como funciona o cadastro para tomar a vacina?

Alguns estados e cidades, como São Paulo, iniciaram pré-cadastros para a vacinação. Mas, segundo o governo federal, até o momento não há nenhum cadastro nacional aberto. O Ministério da Saúde alertou que o órgão não envia mensagens de texto ou faz ligações para cadastro. Além disso, a vacinação não está condicionada a nenhum cadastro em aplicativo ou plataforma.

Para vacinar-se, precisa ter cartão de vacinação? E se perdi, o que faço?

Todos serão vacinados mesmo sem apresentar nenhum documento. No entanto, caso você faça parte de um dos grupos prioritários, será necessária a comprovação. Por isso, é importante apresentar documentos como RG, cartão do SUS ou qualquer documento de identificação pessoal quando for se vacinar. Caso você já tenha o cartão, mas não sabe onde está, é possível acessá-lo de forma digital pelo aplicativo de celular e site do “Conecte SUS”, podendo acessar apenas com CPF, e-mail e número de telefone.

Poderei me vacinar fora do meu domicílio/comunidade?

Em tese, o SUS prevê acesso universal a todos os cidadãos e cidadãs que residem no Brasil, independente de sua nacionalidade. Ou seja, a pessoa pode utilizar os serviços disponíveis em qualquer local em que se encontre, incluindo vacinas. Todavia, a fim de que se promova um monitoramento mais eficiente tanto da proteção conferida pela vacina, quanto dos efeitos adversos, recomenda-se que a pessoa receba a vacina na unidade de saúde mais próxima de seu domicílio/comunidade.

A vacina é da China?

A Coronavac é resultado de uma parceria entre o Instituto Butantan e a fabricante chinesa de medicamentos Sinovac Biotech. A empresa realiza pesquisa, desenvolvimento, fabricação e comercialização de vacinas contra Hepatite A e B, influenza, H5N1, H1N1, caxumba e raiva. Suas vacinas são exportadas para países como Mongólia, Nepal, Filipinas, México e Chile. Com a parceria, o desenvolvimento da CoronaVac ficou a cargo do Instituto Butantan, utilizando matéria-prima chinesa. Além disso, os estudos clínicos de aplicação da CoronaVac no Brasil também são responsabilidade do Butantan.

Vale lembrar que grande parte de todos os insumos farmacêuticos, produtos médicos, eletroeletrônicos, componentes de telefones celulares e televisões, além de roupas e calçados são produzidos na China e comercializados em todas as partes do mundo, inclusive no Brasil.

Por que essa vacina é para adultos e não para crianças?

As crianças não serão priorizadas nas primeiras fases da vacinação porque o público infantil é menos suscetível à doença. Elas se infectam de duas a cinco vezes menos que os adultos e apresentam casos leves e baixa taxa de mortes por Covid-19, se comparado com outras faixas etárias. Também transmitem menos o vírus. Por isso, a vacinação não será focada nessa faixa etária.

Por que fizeram tão rápido essa vacina?

A Coronavac e outras vacinas contra o coronavírus Sars-Cov-2, que é o vírus que causa a Covid-19, são fruto de pesquisas que acontecem há anos em laboratórios e institutos de pesquisa em várias partes do mundo. A Sinovac, por exemplo, usou pesquisas de vacinas contra o vírus Sars-Cov-1, um outro tipo de coronavírus, que causou a epidemia de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) que ocorreu em 2003. Esse vírus é “irmão” do SARS-COV 2, o vírus que causa a Covid-19, com características parecidas, e, por isso, o laboratório chinês pode aproveitar muitas coisas que já tinham descoberto nas pesquisas anteriores para combater esse vírus.

No caso da vacina de Oxford/Astrazeneca, os pesquisadores da Universidade de Oxford aproveitaram pesquisas de vacinas contra o vírus que causa a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS), e que é outro coronavírus com características parecidas.

Além disso, devido a pandemia da Covid-19, a produção dessa vacina foi priorizada por governos, laboratórios e instituições do mundo todo, com esforços e dinheiro concentrados para colocar no mercado o mais rápido possível uma ferramenta para combater a doença.

Quem teve Covid ou está com Covid no momento pode tomar?

Quem já teve Covid no passado e está recuperado pode tomar a vacina sem problemas. É, inclusive, recomendado já que não se sabe ao certo ainda quanto tempo dura a imunidade depois que a pessoa se cura da infecção. Por outro lado, se você estiver com sintomas de Covid-19 ou com a doença confirmada, não deve tomar a vacina.

*Informações extraídas do Informe Técnico sobre Vacinação do Ministério da Saúde, portais oficiais dos governos estaduais, Instituto Butantan e veículos de imprensa. Com revisão do dr. Paulo Basta, médico infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)

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