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Festival pelos Povos da Floresta põe na mesa ingredientes da resistência de indígenas, extrativistas e quilombolas

Esta notícia está associada ao Programa: 
Entre 7 e 15 de dezembro, 8 restaurantes de São Paulo apresentam receitas que dão visibilidade a ingredientes de comunidades que cuidam de seus territórios e mantêm a floresta em pé; veja a lista de participantes e conheça os cardápios
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Povos Indígenas, comunidades extrativistas e quilombolas são especialistas quando o assunto é produzir sem destruir, mantendo o maior patrimônio do Brasil: nossas florestas, em pé. Eles estão desenvolvendo uma nova economia que exalta com orgulho a biodiversidade do país, cada vez mais ameaçada pelos incêndios, roubo de madeira, grilagem de terras e garimpo ilegal de ouro.

O Festival pelos Povos da Floresta, realizado pelo Instituto Socioambiental (ISA) e a rede Origens Brasil®, com apoio da União Europeia, é uma iniciativa para valorizar e ajudar a estruturar as cadeias produtivas das comunidades do Vale do Ribeira (SP), Xingu (MT e PA) e Rio Negro (AM e RR), que há anos enfrentam o desafio de construir uma relação positiva com o mercado para escoar sua produção de castanhas, farinhas, especiarias, óleos, mel e outras delícias.

Sobre o Origens Brasil®

O Origens Brasil® (clique para saber mais) surgiu para dar mais transparência às cadeias de produtos da floresta e ajudar os consumidores a identificar empresas e produtos que valorizam e respeitam os territórios de diversidade socioambiental. Funciona como uma rede que conecta produtores com compradores e consumidores finais. Está presente em quatro territórios: Xingu, Calha Norte, Rio Negro e Solimões, com foco em produtos como óleos vegetais, resinas, sementes, frutos, farinha, pimenta, amendoim, mel, peças de vestuário e bijuterias. O modo de extração ou de produção contribuem positivamente para manter o patrimônio socioambiental das populações envolvidas.

De 7 a 15 de dezembro, 8 restaurantes e bares de São Paulo vão oferecer receitas preparadas com esses ingredientes. Participam do evento desde casas premiadas a outras mais despojadas e acessíveis. São elas os restaurantes Balaio, Banzeiro, Dalva e Dito, Jojo Lab, Rainha (Mercado Municipal de Pinheiros) e Tordesilhas, além da confeitaria Marilia Zylbersztajn e da padaria e delicatessen Deli Garage.

Clique aqui e confirme presença no evento no Facebook.

No dia 14, coroando a iniciativa, uma feira no Mercado de Pinheiros irá apresentar todos os produtos da economia da floresta, com destaque para o lançamento do Chocolate Yanomami, produzido com cacau nativo da Terra Indígena Yanomami – uma importante aposta para gerar renda em um território ameaçado pelo avanço do garimpo ilegal.

Frente a cenários críticos como o dos Yanomami, colocar ingredientes da floresta no prato dos restaurantes traz visibilidade ajuda a assegurar os direitos das populações envolvidas, a manutenção e valorização de seus conhecimentos com geração de renda e promoção da qualidade de vida. Além de provar que o Brasil que todo mundo quer é diverso, gostoso e faz bem.

"O Festival pelos Povos da Floresta nasce para fortalecer e agregar valor aos produtos de indígenas, ribeirinhos e quilombolas", afirma Beto Ricardo, antropólogo e fundador do ISA. "Os chefs dos restaurantes participantes do evento vão apresentar pratos com ingredientes que podem não ser comuns na mesa do brasileiro, mas que trazem consigo, além do sabor, a preservação e a proteção da floresta por seus povos."

Cardápios e opções




Entre as receitas, há entradas como Mujeca de peixe moqueado e cogumelo Yanomami (R$ 36) do chef Felipe Schaedler, do Banzeiro, um caldo quente de peixe defumado com cogumelos coletados por índios Yanomami e pimenta Baniwa. Nos pratos, o mesmo cogumelo se transforma no Arroz cremoso com cogumelo Yanomami e agrião (R$ 75, foto ao lado), do Dalva e Dito, criado pelo chef e co-fundador do Instituto ATÁ Alex Atala, que participou do desenvolvimento do Cogumelo Yanomami em parceria com o ISA.

O Óleo de Pequi do Povo Kisêdjê do Xingu puxa a farofa do PF Mercadão, do restaurante Rainha, do Mercado Municipal de Pinheiros. Feita com a farinha de mandioca orgânica do Quilombo Porto Velho, no Vale do Ribeira (SP), acompanha filé de saint peter com crosta de pó de cogumelo Yanomami, banana grelhada e arroz branco (R$40). O óleo de pequi também substitui o dendê na Moqueca de pupunha com farinha de mandioca do Quilombo Porto Velho (R$ 68), criado pela chef Mara Salles, do Tordesilhas.

Já a pimenta Baniwa é usada para temperar o Tantanmen Shirunashi (R$ 40), ramen sem caldo, mas com molho à base de shoyu, pasta de gergelim e um toque picante de pimenta Baniwa, servido com carne moída de porco picante e chashu em cubo, do recém inaugurado Jojo Lab. Porque nem só de restaurantes brasileiros esses produtos nativos vivem e podem ser usados em receitas das mais variadas nacionalidades e culturas.

Nos doces, a chef Marilia Zylbersztajn escolheu o Mel dos Índios do Xingu para preparar a Torta de mel do Xingu com amendoim (R$ 17, a fatia), com base de massa sucreé, fina camada de chocolate 70% cacau e recheio de mel com amendoim. O chef Rodrigo Oliveira preparou para o Balaio Café, no IMS, um Bolinho de babaçu com cumaru (R$ 3), perfeito para tomar com café. E para presentear no Natal, o Panetone da Floresta (R$ 68, foto abaixo), da chef Fernanda Valdívia, incorpora à base original de brioche com chocolate meio amargo o cumaru das Comunidades Extrativistas do PDS Paraíso, em Alenquer, no Pará, a castanha-do-Pará de comunidades extrativistas da Terra do Meio (PA) e o mel do Xingu. Por cima, uma casquinha crocante de paçoca Mawkîn, de beiju com castanha-do-Pará, da Terra Indígena Wai Wai, Roraima.



Mel, castanha e babaçu do Xingu; rapadura e farinha de mandioca dos quilombos do Vale do Ribeira; cogumelos do povo Yanomami, pimenta do povo Baniwa e mawkîn do povo Wai Wai - cada um destes ingredientes tem uma história, um conhecimento ancestral e uma mensagem crucial para os povos da floresta: "Vamos seguir resistindo."

Lista completa de ingredientes:

Óleo de Pequi do Povo Kisêdjê do Xingu - A polpa de pequi vira um líquido dourado e aromático a partir de técnicas ancestrais e modernas. Produzido na Terra Indígena Wawi (MT), do povo Khisêtjê, a iniciativa foi vencedora do Prêmio Equatorial da ONU em 2019.
Cogumelo Yanomami inteiro - Feito com 15 espécies macias nativas e espontâneas, o sabor lembra o do shiitake e de outros cogumelos orientais. Produzido na Terra Indígena Yanomami (RR).
Cogumelo Yanomami em pó - A mistura traz espécies sem paralelo no mundo, direto da roça tradicional do povo Yanomami. Produzido na Terra Indígena Yanomami (RR).
Pimenta Baniwa - Torrada e seca ao sol, ela tem sabor defumado e alta picância. A produção é exclusiva das mulheres Baniwa da Terra Indígena Alto Rio Negro (AM).
Mel dos Índios do Xingu - Cada vidro é único e guarda o sabor da florada silvestre dominante da aldeia produtora. As colmeias ficam no Território Indígena do Xingu (MT). Iniciativa vencedora do Prêmio Equatorial da ONU em 2017.
Castanha-do-Pará Vem do Xingu - Semente rica em óleos e minerais importantes para a saúde, é um dos principais produtos de comunidades extrativistas da Terra do Meio (PA), que lançaram recentemente a marca coletiva Vem do Xingu.
Farinha de Babaçu Vem do Xingu - Produzida por indígenas, ribeirinhos e agricultores familiares da Terra do Meio (PA), a farinha é beneficiada em miniusinas multiprodutos instaladas dentro das comunidades. Rica em ferro, fibras e amido, tem sido incorporada na merenda escolar na região de Altamira, no Pará.
Óleo de Babaçu Vem do Xingu – Produzido por indígenas, ribeirinhos e agricultores familiares da Terra do Meio (PA), o óleo é extraído a frio das amêndoas do coco babaçu em miniusinas multiprodutos instaladas dentro das comunidades.
Rapadura Tradição Quilombola do Quilombo Porto Velho, Vale do Ribeira (SP) - Produzida com cana-de-açúcar da roça quilombola, sem adubos sintéticos e agrotóxicos.
Farinha de mandioca do Quilombo Porto Velho, Vale do Ribeira (SP) - A mandioca 100% orgânica é triturada e peneirada nos mesmos moldes de 300 anos atrás.
Taiada do Quilombo Porto Velho, Vale do Ribeira (SP) - Doce à base de rapadura, farinha de mandioca e gengibre, é um dos alimentos mais tradicionais da roça. Dá energia e força para o trabalho no campo.
Banana chips do Quilombo Nhunguara, Vale do Ribeira (SP) – Produzida em uma fábrica gerida por mulheres quilombolas, é frita em óleo de palma e temperada com sal.
Cumaru das Comunidades Extrativistas do PDS Paraíso, Alenquer (PA) - A coleta das sementes da fruta amazônica envolve toda a família, gera renda e não prejudica a floresta.
Farinha Mawkîn - Paçoca torradinha de castanha-do-Pará com beiju, é produzida por mulheres na Terra Indígena Wai Wai (RR).

Parte dos produtos pode ser encontrada na loja online do Instituto Socioambiental, que entrega para todo o país (clique aqui para acessar). Em São Paulo, eles podem ser adquiridos também no Instituto Feira Livre e Instituto Chão.

Veja abaixo a programação completa do evento e o que cada estabelecimento irá servir:

Balaio IMS
Avenida Paulista, 2424 - Bela Vista
Telefone: (11) 2842-9123

Pipoca com manteiga de garrafa, pimenta Baniwa e torresminho (R$ 14)

Ravióli de cogumelo Yanomami, sálvia, semente de pequi, pimenta Baniwa e queijo Tulha (R$ 59)

Frutas amarelas, creme de pequi, sorbet de butiá, compota de maracujá (R$ 23)

Baniwa gin Amazzoni negro, pimenta biquinho, pimenta Baniwa, vermute branco, vinho branco Mazanilla, bitter de aipo, pepino, lúpulo e cascas cítricas (R$ 32)

Balaio Café
Avenida Paulista, 2424, 5 º andar - Bela Vista

Bolinho de babaçu com cumaru (R$ 3) com farinha de coco babaçu produzido por indígenas, ribeirinhos e agricultores familiares da Terra do Meio, no Pará

Banzeiro
Rua Tabapuã, 830 - Itaim Bibi
Telefone: (11) 2501-4777

Mujeca de peixe moqueado (R$ 36) caldo quente de peixe defumado com cogumelos coletados por índios Yanomami e pimenta Baniwa.

Pirarucu no forno a lenha, purê de banana da terra e castanha da Terra do Meio, no Pará (R$ 67)

Suspiro de pequi do Povo Kisêdjê do Xingu com sorvete de tapioca (R$ 22).

Dalva e Dito
Rua Padre João Manuel, 1.115 - Jardins
Telefone: (11) 3068-4444

Arroz cremoso com cogumelo Yanomami e agrião (R$ 75).

Deli Garage
Rua Medeiros de Albuquerque, 431 - Vila Madalena
Telefone: (11) 3578-7768

Panetone da Floresta (R$ 68): A partir da receita original de massa de brioche com chocolate meio amargo, esta versão incorpora produtos singulares nativos como o cumaru coletado pelas Comunidades Extrativistas do PDS Paraíso, em Alenquer, no Pará, a castanha-do-Pará da Terra do Meio, em Altamira, e o mel de florada silvestre do Território Indígena do Xingu, no Mato Grosso. Por cima, vai uma casquinha crocante de Farinha Mawkîn, uma paçoca torradinha de castanha-do-Pará com beiju feita na Terra Indígena Wai Wai, em Roraima.

Jojo Lab
Rua Gandavo, 193, Vila Mariana
Telefone: (11) 5083-9837

Tantanmen Shirunashi (R$ 40), temperado à base de shoyu, pasta de gergelim e um toque picante de pimenta Baniwa, com carne moída picante e chashu em cubo

Tantanmen Ramen (R$ 42), servido com caldo de frango e porco, temperado à base de shoyu, pasta de gergelim e pimenta Baniwa, carne moída picante e chashu em cubo.

Guioza (R$ 19 a porção com 5 unidades) de massa finíssima e recheio suculento de carne suína e vegetais, com molho de pimenta Baniwa

Marilia Zylbersztajn
Rua Fradique Coutinho, 942 - Vila Madalena
Rua Renato Paes de Barros, 433 - Itaim
Telefone: (11) 4301-6003

Torta de mel do Xingu com amendoim - base de massa sucreé, fina camada de chocolate 70% cacau, e recheio de mel com amendoim. Torta média (R$ 150, serve 12 fatias) / torta grande (R$ 220, serve 18 fatias) / fatia (R$ 17).

Rainha (PF Mercado Municipal de Pinheiros)
Rua Pedro Cristi, 89 - Box 77 - Pinheiros
Telefone: (11) 3813-2171

PF Mercadão: Filé Saint Peter com crosta de pó de cogumelo Yanomami, farofa feita com farinha de mandioca e puxada no óleo de pequi Kisêdjê, banana grelhada e arroz branco (R$ 40).

Tordesilhas
Alameda Tietê, 489 - Jardins
Telefone: (11) 3107-7444

Moqueca de pupunha com óleo de pequi Kisêdjê e farinha de mandioca do Quilombo Porto Velho (R$ 68).

Suco de limão cravo com taiada (doce quilombola à base de rapadura, farinha de mandioca e gengibre) R$ 12.

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