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Heber Queiroz: a semente que virou 18 milhões de árvores

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Coordenador do ISA, o plantador de florestas morreu nesta segunda-feira (10/5) vítima da Covid-19
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Heber Queiroz Alves começou como semente.

Estagiário, deu os primeiros passos no Instituto Socioambiental (ISA) em 2007, quando tinha apenas 22 anos e um olhar de conhecedor dos caminhos do Xingu e Araguaia, no Mato Grosso. Era técnico de geoprocessamento. Fazia mapas.

Então germinou.

Sempre atencioso e dedicado, ele fez os mapas das primeiras agroflorestas plantadas com as muvucas, as famosas misturas de sementes florestais. Isso foi durante a campanha Y Ikatu Xingu, ou Salve a Água Boa do Xingu, que mostrou ao mundo a importância da recuperação e proteção das nascentes do rio Xingu.

E foi crescendo.

Passou a coordenar a Adequação Socioambiental do ISA em Canarana (MT), com destaque para os projetos e iniciativas de Restauração Florestal. Em uma entrevista publicada em 2019, Heber disse que “um dos grandes ganhos do trabalho [de plantar florestas] foi unir pessoas com visões de mundo diferentes, mas todos trabalhando em prol do bem comum.”

Quem trabalhou com Heber sabe do privilégio que teve. Sua voz doce e calma, sempre perseverante e responsável, ofertava respeito e amor pelos parceiros de jornada. Falava generoso com todo mundo. Produtor rural, indígena, assentado, jornalista, colega, pesquisador, não importa. Trazia força, trazia paz.

E sua sabedoria se multiplicou.

Heber Queiroz Alves, 36 anos, marido e pai amoroso, profissional competente e dedicado. Corintiano roxo, bom de xadrez, casado com Bruna Dayanna, diretora da Associação Rede de Sementes do Xingu. Família de plantadores de florestas. Muitas florestas.

Heber ajudou a plantar mais de 6 mil hectares de florestas, ou pelo menos 18 milhões de árvores. Acreditava em um futuro melhor para seus filhos, Lívia e Breno. E, para nossa sorte, acreditava em um futuro melhor para os filhos de todos nós.

Ele nos deixou nesta segunda-feira (10/5) vítima da Covid-19 em Barra do Garças (MT), onde estava internado.

Obrigado, Heber.

Você é e sempre será um exemplo de compromisso com a vida.

Assista ao vídeo em sua homenagem:

Homenagens

“Heber sempre contribuiu com muito trabalho, dedicação e esforço para política e as causas ambientais na região do Xingu-Araguaia e certamente deixará muitas saudades” -- Articulação Xingu Araguaia (AXA)

“É muito revoltante perder o Heber. É muito revoltante perder quem quer que seja a essa altura do campeonato. Estão assassinando o povo brasileiro, nossa juventude, aquilo que a gente tem de melhor.”-- Márcio Santilli

“Quando esse mundão ficar ‘mais lindo de novo’, porque vai, tenha certeza que muito você fez por ele, para os seus filhos e para Bruna” -- Katia Yukari Ono

“Eu não acredito que aquele cara sério, que não tinha nada de sério, que nos fazia sorrir, se foi” -- Fabíola Silva

“O Heber sempre me passou muita serenidade e tranquilidade. Conversamos bastante sobre como ele mudou de foco na carreira e como ter virado gestor tinha feito ampliado seu horizonte. O aprendizado dele me fez refletir muito sobre os rumos da vida” -, João Ricardo Rampinelli Alves

“Chegamos juntos em Canarana, 2008, aos poucos fomos formando uma linda equipe do ISA Xingu, bem diversa e afiada, todos leais à causa. Heber seguiu nas atividades, cada vez mais envolvido e apaixonado pelo que fazia, formou junto com a querida Bruna uma linda família, ele tinha muito para oferecer, vai deixar muitas saudades!” -- Leticia Soares de Camargo.

“Heber era uma pessoa muito especial, tranquilo, correto, dedicado, cooperativo, divertido... Tenho certeza que vai continuar plantando coisas boas por onde quer que ande” -- Marisa Gesteira Fonseca.

“Neste momento palavras perdem o sentido, diante de lágrimas contidas... Diante disso vou manter as boas lembranças de nosso convívio e das boas risadas que tivemos, bem como dos momentos que dividimos no trabalho. A Bruna e aos filhos, a lembrança de uma pessoa que será inesquecível em suas vidas” -- Cícero Augusto

“O Heber era um cara delicado e sempre disposto a atender a imprensa, por mais que isso afetasse a rotina da equipe. Em 2019, o Globo Rural fez uma extensa matéria sobre a Rede de Sementes. A repórter era a Neide Duarte. Quando soube da morte dele, ela enviou o seguinte: ‘Menino inteligente com um trabalho maravilhoso!’. Sempre muito ponderado, e preocupado em dar tranquilidade e apoio à sua equipe” -- Maria Inês Zanchetta

"Heber, faz tempo que a gente não se fala, né? Sei que você partiu para fazer uma viagem longa, teria gostado falar com você antes, ver como estavam as coisas, o neném mais novo, mas não deu. Vou escrever por aqui então. Queria lhe agradecer por toda a sua ajuda quando cheguei no ISA, pelas caronas, pelas brincadeiras e pelo bom humor. Por me ajudar a entender o que é a muvuca. Pelas suas horas de paciente trabalho em projetos comuns, pelo seu rigor e perspicácia, pela sua energia e fê na nossa luta. Lembro de você rindo, com essa risada breve e contagiosa e seu olhar afiado e inteligente. Você vai ser sempre um puta exemplo de como o Brasil pode dar certo, com pessoas abertas à diversidade, trabalhadoras e amorosas. Nunca lhe esqueceremos. Boa viagem meu amigo." -- Juan Doblas

“Assim como o sol não deixa de brilhar, não deixaremos de seguir com os sonhos que compartilhamos de dias mais amáveis e um mundo com mais florestas de gente e árvores. A Covid leva mais um guerreiro e companheiro, mas segue vivo em nós o compromisso na luta e os sonhos por tempos mais amáveis. Heber presente! Nas florestas, sementes e no coração de todos nós! E por ele e todas as vidas que seguem resistindo e as que foram levadas pela Covid, nós seguimos sonhando e lutando!” -- Adryan Araujo

"Hoje fiquei no computador procurando uma foto do Heber que pudesse retratar sua grandeza, sua humanidade em plenitude. Tive o prazer de conhecê-lo no vigor de sua vida, e hoje tive o desprazer de saber de sua morte. Achei uma foto, talvez uma não tão boa, mas que para mim resume que era/é ele: companheiro, brincalhão, inteligente, sempre disposto a ajudar e a estar ao lado dos amigos. Fica para sempre uma sensação de alguém que tinha muito a fazer, mas que foi tão cedo." -- Professor Dr. Amintas Nazareth Rossete

“Heber, meu querido amigo. Quem conhece a bacia do rio Suiá-Miçu como ninguém, sem dúvida, é você. Você desenhou literalmente toda a bacia do Suiá-Miçu, cada lago, lagoa, córrego e áreas úmidas, nascentes e mananciais. Descobrimos muitas estradas, mapeamos cada caminho in locu. Juntos. Você sempre calmo, sempre ponderado, sempre observador. Andou muito em campo, topou todas as paradas, dormimos nos lugares mais inusitados e conhecemos pessoas de coração grande que nos amparavam pelas fazendas do entorno do Parque Indígena do Xingu. Uma delas, Fazenda Dois Meninos, era cuidada por um casal de gerentes, Dona Wanda e Seu Domingos, onde ficamos mais de uma semana trabalhando duro, mas recompensados pela comida carinhosa e cheia de energia. Você me dizia sempre que em nossos campos costumava engordar. Assim, por isso, pela imensidão de águas que você mapeou para o Xingu, eu lhe agradeço. Mesmo que tenha partido para longe, onde meus olhos úmidos não enxergam mais, agradeço, certa de que o vazio que me derruba agora e por muitos dias, em outros, serão de sol e levantarei para cuidar do que você plantou por todos nós. Obrigada!” -- Rosely Sanches

"Não temos palavras...Deixou a gente sem chão. Perder um companheiro, um irmão.o Heber sempre exerceu uma grande liderança entre a gente e sempre foi um companheiro que, mesmo com o cargo que tinha, não precisava evocar sua autoridade, falar alto, sempre foi companheiro, camarada.”-- Sadi Elsenbach

"Uma pessoa maravilhosa, um colega, amigo, chefe espetacular. Tudo o que fazia era com muita dedicação, carinho e amor. Eu ainda estou sem chão e como coração despedaçado.Ele fará muita falta, mas estará olhando por nós lá do céu....E plantando muitas árvores!” -- Cleu Peixoto

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