Mesa “Clima, comida e saberes”, em 12/11, promove contraponto ao agronegócio com encontro entre lideranças tradicionais e representantes de órgãos públicos e instituições
As economias da sociobiodiversidade - economias promovidas ancestralmente por indígenas, quilombolas e povos e comunidades tradicionais - têm como base os Sistemas Agrícolas Tradicionais (SATs). Ao produzir alimentos, movimentar a economia e proteger o meio ambiente, essas economias vêm se apresentando como uma solução-chave para a crise climática e a redução de desigualdades.
No entanto, estão sob constante pressão do agronegócio, do garimpo ilegal, de madeireiros e da emergência climática, sendo que sua proteção e seu pleno desenvolvimento exigem uma estratégia de longo prazo, superando gargalos como direito e segurança territorial, mercados justos, instrumentos financeiros adequados e a integração de políticas públicas.
O debate sobre os caminhos para o fortalecimento das economias da sociobiodiversidade e dos SATs estará no centro da mesa “Clima, comida e saberes - Estratégias e políticas que salvaguardam Sistemas Agrícolas Tradicionais, promovem soberania alimentar e contribuem para o equilíbrio climático”, na COP30, em Belém (PA), em 12 de novembro, às 11h20.
Essa mesa integra a programação da AgriZone, espaço da Embrapa na COP30 que se propõe a discutir e visibilizar inovação e sustentabilidade para tecnologias voltadas à produção de alimentos de baixo carbono, à adaptação às mudanças climáticas e à segurança alimentar global.
Nesse contexto, o fortalecimento dos SATs se torna ainda mais necessário: são sistemas de conhecimento sofisticados e inovadores que protegem o ambiente, gerando ativos como biodiversidade, cuidado com a água e regulação climática.
Os SATs fazem um contraponto com os meios predatórios de produção. Não estão estruturados em monocultura, mas em diversidade; não geram concentração de renda, mas compartilhamento; não são pautados na degeneração dos ecossistemas, mas em sua constante regeneração.
Durante o encontro será exibido o minidocumentário “Celebração da Diversidade - Sistemas Agrícolas Tradicionais (SATs)”. Narrado pela liderança Francy Baniwa, o vídeo apresenta esses sistemas de conhecimento e modos de vida no Alto Rio Negro (AM), Terra do Meio (PA), Vale do Ribeiro (SP) e Território Indígena do Xingu (MT).
A mesa é promovida pelo Instituto Socioambiental (ISA), Observatório das Economias da Sociobiodiversidade (ÓSocioBio), Instituto Regenera e Embrapa, com mediação de Jeferson Camarão Straatmann, analista sênior em economias da sociobiodiversidade do Instituto Socioambiental (ISA).
Estarão reunidas lideranças indígenas, quilombolas e ribeirinhas e órgãos públicos e instituições que atuam nesta agenda. A promoção do diálogo para que se avance em medidas práticas adequadas aos territórios é o principal objetivo do encontro.
Representando os territórios tradicionais estarão três mulheres que atuam como lideranças: Liliane Santos, do Coletivo Olhos do Xingu, representando a Rede Terra do Meio (PA); Hildete Araújo, povo Tariana, da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), no Amazonas; e Nilce de Pontes Pereira dos Santos, da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas - São Paulo.
Já os convidados dos órgãos públicos e instituições são Ana Euler, diretora executiva de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia da Embrapa e Diretora Executiva de Transferência de Tecnologia da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater); Moisés Savian, secretário Nacional de Governança Fundiária, Desenvolvimento Territorial e Socioambiental no Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA); Maria Júlia Pinho, assessora da Diretoria Socioambiental do BNDES; e Jorge Alberto Meza Robayo, representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no Brasil.
Agenda:
Clima, comida e saberes - Estratégias e políticas que salvaguardam Sistemas Agrícolas Tradicionais, promovem soberania alimentar e contribuem para o equilíbrio climático
Local: AgriZone - EMBRAPA - Auditório A3 Embrapa Amazônia Oriental, Travessa Dr. Enéas Pinheiro - Belém (PA) - Pavilhão de exposições
Data e horário: 12/11 - 11:20h às 13h50
Atenção: para acessar a tradução simultânea são necessários celular e fones pessoais
Convidados e convidadas
Liliane Santos
Nascida e atuante na região da Terra do Meio, na Estação Ecológica da Terra do Meio, em Altamira (PA), é estudante de agronomia, jornalista da floresta, ativista ambiental e liderança comunitária. Atua como comunicadora e monitora ambiental, contribuindo para o monitoramento territorial e a defesa dos povos e florestas da Amazônia.
Hildete Araújo, povo Tariana
Coordenadora do Departamento Patrimônio Cultural e Pesquisa Intercultural da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), lliderança indígena e mestra pelo Programa de Pós-Graduação Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA/UFAM), atuando no Alto Rio Negro com a rede dos Agentes Indígenas de Manejo Ambiental (AIMAs), entre outras atividades.
Nilce de Pontes Pereira dos Santos
Coordenadora da Conaq SP - Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas, liderança quilombola, educadora popular, agricultora agroecológica e ativista política, também é presidente da Rede Agroecologica de Mulheres Agricultoras (Rama); presidente do Quilombo Ribeirão Grande/Terra Seca (SP) e Conselheira Mosaico de Unidades de Conservação do Jacupiranga (Mojac).
Ana Euler
Diretora Executiva de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia da Embrapa e Diretora Executiva de Transferência de Tecnologia da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), engenheira Florestal e doutora em Ciências Ambientais e Florestais, tem 20 anos de atuação na Amazônia com passagem pela África. Desde 2008 atua como pesquisadora da Embrapa Amapá, na área de manejo de recursos naturais e como assessora de Relações Internacionais.
Moisés Savian
Secretário Nacional de Governança Fundiária, Desenvolvimento Territorial e Socioambiental no Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), engenheiro agrônomo e doutor em Produção Vegetal (Proteção de Plantas e Agroecologia). Coordena o Programa Nacional de Florestas Produtivas e o Programa Nacional de Fortalecimento da Sociobiodiversidade no MDA.
Maria Júlia Pinho
Assessora da Diretoria Socioambiental do BNDES, advogada, mestre em políticas públicas, estratégias e desenvolvimento. Atua no assessoramento técnico e jurídico da Diretoria Socioambiental do BNDES, responsável pelas Áreas de Meio Ambiente e de Desenvolvimento Social e Gestão Pública.
Jorge Alberto Meza Robayo
Representante da FAO no Brasil, engenheiro florestal com especialização em engenharia econômica e silvicultura nos trópicos e subtrópicos. Atuou pela FAO em países como Paraguai, Argentina, Uruguai e Chile. Em janeiro de 2024 foi designado Representante da FAO no Brasil.
Mediação
Jeferson Camarão Straatmann, analista sênior em economias da sociobiodiversidade do Instituto Socioambiental (ISA), é doutor em engenharia de produção e Mestre de Capoeira. Especializou-se em redes das economias da sociobiodiversidade, sendo responsável pelas estratégias no tema no ISA, desde os territórios até o mercado e políticas públicas.
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