Parceria entre o ISA e a ANMIGA, iniciativa fez parte da abertura da IV Marcha das Mulheres Indígenas
Em um marco histórico para a visibilidade e fortalecimento das mulheres indígenas no Brasil, foi lançado neste domingo (3/8) o "Mapa Interativo das Organizações das Mulheres Indígenas no Brasil". A cerimônia de lançamento ocorreu durante a abertura da IV Marcha das Mulheres Indígenas, em Brasília, e incluiu a entrega simbólica do Mapa à deputada Célia Xakriabá.

O Mapa Interativo é uma ferramenta digital que pretende trazer visibilidade às diversas organizações e coletivos liderados por mulheres indígenas em todo o território nacional. Desenvolvido em uma plataforma dinâmica e interativa, ele permite a identificação das iniciativas por região, com dados como site e rede social de cada organização. A proposta é facilitar a conexão entre organizações, como forma de fortalecer a ação articulada de mulheres indígenas. Acesse aqui.
Fruto de uma parceria entre a Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga) e o Instituto Socioambiental (ISA), o lançamento marca mais uma etapa no processo da construção coletiva do mapeamento de organizações de mulheres indígenas no país.
A primeira edição, lançada em 2020, havia identificado 92 organizações. A partir de um chamado da Anmiga e da parceria, a segunda edição, por sua vez, identificou 241 organizações, um aumento em duas vezes e meio do número de coletivos do gênero. Agora, o Mapa Interativo, permite uma atualização periódica e o acompanhamento do crescimento do associativismo de mulheres indígenas.
“Muitas organizações ficaram de fora quando imprimimos o mapa. Então, a gente conversou com o ISA e pensou em como resolver e tivemos a ideia de ter um mapa virtual, para que a gente possa atualizar esse mapa e cada vez mais as organizações de mulheres indígenas possam aparecer e se identificar, registrar as mulheres, a região, o estado”, explicou Joziléia Kaingang, diretora-executiva da Anmiga.
“Além disso, a gente vai fazer com que esse mapa chegue a quem mais interessa, que são as mulheres indígenas. Qualquer mulher indígena que tenha acesso à internet poderá acessar esse mapa, poderá identificar a sua organização e organizações parceiras para articular, para poder fazer planos conjuntos, para se mobilizar a fortalecer a luta”, complementou Luma Prado, pesquisadora do ISA responsável por essa edição.
O lançamento do Mapa Interativo é um passo crucial para a consolidação da rede de mulheres indígenas no Brasil, que desempenham um papel fundamental na defesa de seus territórios, modos de vida, direitos e na luta contra todas as formas de violência. A plataforma servirá como um recurso valioso para pesquisa, para construção de políticas públicas e para inspirar novos coletivos de mulheres indígenas, defenderam durante o evento que também contou com uma exibição de um vídeo apresentando o mapa.
O material audiovisual, produzido pelas cineastas Francy Baniwa, Kerexu Martim e Vanuzia Pataxó, em parceria com a Rede Katahirine, traz o relato das mulheres indígenas e os coletivos dos quais representam. Com apresentação da ativista e comunicadora Sâmela Sateré-Mawé, o vídeo remonta o processo de construção do Mapa, com pesquisadoras da Anmiga e do ISA e a checagem dos dados no 19º Acampamento Terra Livre, em 2024.
ISA na IV Marcha das Mulheres Indígenas 2025
Somado ao lançamento do mapa, desde domingo é possível navegar pelo Mapa Interativo na tenda do ISA no “Espaço das Vozes Aliadas”. O ISA estará presente ao longo de toda a Marcha e da I Conferência das Mulheres Indígenas.
Além da navegação no Mapa Interativo, também estão sendo distribuídas a versão impressa do Mapa das Organizações das Mulheres Indígenas no Brasil 2024 e a publicação Cuidados e prevenção no enfrentamento à violência contra mulheres no Rio Negro, uma parceria entre o ISA, a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), o Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro (DMIRN), a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) e do projeto Cosmopolíticas do Cuidado no Fim-do-mundo.