"Não vamos aceitar nenhuma proposta ou projeto que venha para nos exterminar", afirmou Marivelton Barroso, diretor-presidente da Foirn
Representantes dos 23 povos do Rio Negro deram um grito de guerra contra o Marco Temporal em São Gabriel da Cachoeira (AM), cidade mais indígena do Brasil, no dia de votação do PL 490 na Câmara dos Deputados.
A manifestação, convocada pela Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), aconteceu nesta terça-feira (30/05) em resposta aos retrocessos à pauta indígena e ambiental em tramitação no Congresso e também utilizou as redes sociais e a organização política no território para amplificar suas vozes.
A mobilização aconteceu na Casa do Saber – Maloca da Foirn, em São Gabriel da Cachoeira (AM), e reuniu indígenas das cinco coordenadorias da Foirn, garantindo representatividade do território de aproximadamente 13 milhões de hectares em uma das regiões mais preservadas da Amazônia.
Estavam presentes os diretores Nildo Fontes, do povo Tukano, Dário Casimiro, do povo Baniwa, e Adão Francisco, do povo Baré.
A mobilização contou com faixas, cartazes e múltiplas vozes, e foi transmitida ao vivo nas redes da Foirn e pela Rede Wayuri de Comunicadores Indígenas.
Diretor-presidente da Foirn, Marivelton Barroso, do povo Baré, reforçou que os povos do Rio Negro seguem mobilizados também nas bases para se posicionarem contra projetos que violam seus direitos.
“Não vamos aceitar nenhuma proposta ou projeto que venha para nos exterminar ou que tenha o olhar ambicioso da exploração. A região do Rio Negro é exemplo de mobilização e conquistas por sua organização política que envolve associações de base, coordenadorias e a federação. Somos a federação que garante que os povos indígenas da região sejam ouvidos. Vamos juntos contra as propostas que violam nossos direitos nos níveis municipal, estadual ou federal”, disse.
No ano passado, os povos do Rio Negro aprovaram o protocolo de consulta, instrumento para garantir que os indígenas sejam ouvidos sobre projetos de lei ou atos administrativos que impactem em suas vidas.
Coordenadora regional da Funai – Coordenação do Rio Negro, Dadá Baniwa participou do ato, na Foirn. “A luta é contínua, é árdua e não vamos aceitar retrocessos como o PL 490. Vamos continuar com nossas lutas, nossa fala e reivindicações”, afirmou.
As mulheres indígenas também estiveram mobilizadas nas redes sociais e presencialmente. Em um vídeo gravado na língua indígena nheengatu, a articuladora das mulheres, Belmira Melgueiro, do povo Baré, deu um recado claro.
“Não queremos retrocesso. Vocês já disseram muitas vezes como é que devemos viver. Não vamos aceitar mais. Não ao Marco Temporal”, exclamou. A coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas da Foirn, Cleocimara Reis, do povo Piratapuya, também esteve presente no protesto.