Você está na versão anterior do website do ISA

Atenção

Essa é a versão antiga do site do ISA que ficou no ar até março de 2022. As informações institucionais aqui contidas podem estar desatualizadas. Acesse https://www.socioambiental.org para a versão atual.

Segunda onda: São Gabriel da Cachoeira registra 100% de ocupação nos leitos do único hospital da cidade

Esta notícia está associada ao Programa: 
Apenas ontem, 7 de janeiro, foram testados 50 pacientes positivos entre os 111 atendimentos feitos no Centro de Referência de Covid-19 montado emergencialmente na UBS Praia
Versão para impressão

São Gabriel da Cachoeira (AM) registrou ontem (07/01) 100% de ocupação nos leitos do único hospital do município (HGU) em decorrência da segunda onda da pandemia de Covid-19. Profissionais de saúde do município mais indígena do Brasil informaram também que o sistema de transferência de pacientes do interior para a capital não está funcionando, já que os leitos em Manaus estão esgotados, repetindo as cenas do colapso de nove meses atrás.



A Secretaria de Saúde do município, com apoio do Médicos sem Fronteiras (MSF), abriu ontem (07/01) o Centro de Referência para Covid-19 na Unidade Básica de Saúde (UBS), do bairro da Praia. Das 7 da manhã às 23 horas, de acordo com a coordenadora da missão Covid-19 do MSF, Irene Huertas Martín, foram realizados 111 atendimentos, dos quais 50 testaram positivos.

“Um paciente foi transferido para o hospital durante o dia e o segundo paciente em estado grave a noite já não conseguiu mais leito”, informou Martín ao grupo do Comitê Municipal de Crise da Covid-19, ontem por volta da meia noite.



O Centro de Referência foi montado de forma urgente em decorrência da segunda onda da pandemia de Covid-19 e funcionará diariamente das 7 da manhã às 23 horas, na UBS da Praia. No local estão sendo feitos testes rápidos antígenos para diagnóstico da doença. Entretanto, o local não recebe pacientes com necessidade de internação. O atendimento é feito para doentes moderados. A UBS dispõe de concentradores e cilindros de oxigênio, mas não consegue estabilizar e tratar de pacientes em estado mais grave.

“Precisamos urgentemente ampliar nossa capacidade de estabilizar os pacientes que necessitam de oxigênio. Com o colapso em Manaus e o HGU lotado, estamos diante de um cenário dramático, pior do que na primeira onda da pandemia”, desabafou uma profissional de saúde, que prefere não se identificar. Muitos profissionais de saúde neste início de ano estão afastados, de férias, e os que continuam o trabalho estão em estado de esgotamento físico e mental.

Entre julho e novembro, São Gabriel da Cachoeira viveu uma fase bem mais controlada da pandemia. Entretanto, com o avanço da segunda onda na capital e o afrouxamento das regras sanitárias – como distanciamento social e uso de máscaras – a pandemia voltou rapidamente e com força nestes primeiros dias do ano. Ontem, no HGU, uma senhora Yanomami de Maturacá, de 74 anos (cujo nome não informamos em respeito às tradições culturais do povo Yanomami) morreu vítima de Covid-19 após ficar hospitalizada com uso de oxigênio.



O Comitê de Crise do Covid-19 está mobilizado para apoiar a Prefeitura municipal e os distritos sanitários especiais de saúde indígena (Yanomami e Alto Rio Negro) para retomarem suas ações de atendimento dos pacientes de Covid-19 e de prevenção. Hoje (08/01) o chefe da missão Covid-19 do MSF no Brasil, o italiano Francesco Di Donna, chega ao município para fazer uma avaliação sobre como pode apoiar os esforços das autoridades locais de saúde em mais essa etapa de combate à pandemia.

Novo decreto

Diante do aumento de casos que se intensificou na última semana de dezembro – entre 27/12 e 3 de janeiro foram testados 23 casos positivos – a Prefeitura de São Gabriel divulgou novo Decreto no dia 4 de janeiro com medidas preventivas. Entretanto, profissionais de saúde e outras autoridades envolvidas no controle da pandemia no Noroeste amazônico, alertam que as medidas de prevenção precisam de fato ser cumpridas e fiscalizadas. Além disso, medidas mais restritivas, como interrupção das viagens entre o município e a capital, deveriam ser tomadas diante do colapso do sistema de saúde no estado.

Juliana Radler
ISA
Imagens: 

Comentários

O Instituto Socioambiental (ISA) estimula o debate e a troca de ideias. Os comentários aqui publicados são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião desta instituição. Mensagens consideradas ofensivas serão retiradas.